Por Ishtar dos 7 Véus,
a Hedonista
Estava eu meio meditabunda, envolvida em uma questão
oriental-metafísica enviada por um fanzito (I’m sorry but já estou recebendo
milhares de e-mails... Tá! tá! Dezenas!) querendo saber se Tizuka Yamasaki,
Yoko Ono e National Kid são a mesma pessoa enquanto tentava manobrar meu little
Corsa por uma ruazinha de Adrianópolis... Tentava, né? Às 18h30 da tarde? Ninguém
merece!
Tóin! Pééénn! Tóin! Tóóóín!
As buzinas eram incessantes. E os insultos também:
– Comprou carteira, sua puta safada?
Eu, chiquérrima, educada no Patronato Santa Terezinha,
balancei minhas madeixas (por hora) louras e comecei a retocar o meu blush,
enquanto refletia se deveria ou não responder àqueles insultos. Xingar ou não
xingar? Eis a questão. Não resisti. Arqueei uma das sobrancelhas, coloquei um
meio-sorriso sarcástico no canto da boca e, superior como sempre, soltei apenas
um gracejo:
– Não, mas a sua mãe tentou me vender uma!
Ai, ai... Nada como uma alfinetada light e chique num
motorista uó para aliviar a tensão do rush.
E por falar em blush, rush... Céus! De tão envolvida com a intrigante
questão oriental-metafísica acabei esquecendo de preparar minha matéria para o
fabuloso CANDIRU! E agora? Já posso até ver Fran Pacheco, meu chefinho, me
fuzilando com aquele olhar de Hannibal Lecter. Pausa para reflexão. Não, isso
não vai acontecer. Afinal, ele é educadíssimo, a fineza em pessoa.
– Tudo bem, Hedozinha. Sei que você é capaz! Na certa, vai
pensar em algo criativo, divertido e brilhante em questão de segundos! – dirá
ele.
Esse Fran Pacheco... Tão educado, tão Colégio Estadual, tão
motivador! O celular tocou. Demorei um pouquinho para atender – uma mulher
up-to-date nunca deve ter pressa em atender uma ligação (para não parecer
desesperada, ok? Faça o mundo esperar você!). Era o meu fofucho chefinho. Tão
educado, tão motivador, tão...
– Escuta aqui, ô vadia! Cadê a porra da matéria sobre a 1ª
Bienal do Livro Amazonas? Tá de sacanagem comigo, vagabunda? Vai lá naquela
merda, vê o que está acontecendo, escreve meia dúzia de bobagens e me manda
logo pelo iPad que te presentei antes que eu pegue ele de volta e enfie no olho
do teu... C. U. (celular ultrablueberry)!
Bling!!! (nota: “bling” é o barulho do telefone sendo
desligado em minha perplexa face).
Deus, onde foram parar as boas maneiras de se tratar uma
lady sensível like me, porra? As buzinas continuavam...
Tóóóóin! Péénnn! Tóóóinn!
Os insultos também:
– E aí, tia? Comprou carteira, é?
Tóóóóin! Péénnn! Tóóóinn!
Novamente com a sobrancelha arqueada, meio-sorriso
sarcástico realçado pelo blush, abaixei o vidro e respondi:
– Não, mas sua mãe tentou me vender uma, seu corno de uma
figa!
Tá, Tá! O “corno de uma figa” foi por conta do meu estado
emocional abalado. Nem tanto pelas palavras duras do Fran Pacheco, mas por ter
sido chamada de TIA! Tia, eu?! Senti o fantasma do botox se aproximando de mim.
Será? Ai, são tantas as questões para uma mulher moderna se preocupar. Mas
depois do desabafo, me senti melhor. Nada como uma alfinetada light (com um
complemento hard) e chique num motorista uó (e obviamente cego) para aliviar a
tensão do rush...
Porém, as buzinas, os insultos, o novo disco do Michel
Teló... Nada disso era pior do que o machismo velado do meu chefe. Minhas
qualidades como jornalista, mulher e loura (por enquanto – tô pensando num
acaju médio pro mês que vem) foram questionadas por um representante do sexo
masculino que, usando de seu cargo superior, resolveu me humilhar, rebaixar,
menosprezar.
Comecei a ouvir em minha cabeça um tema grandioso, composto
por John Williams. Uma releitura de Tara’s Theme, do filme “...E O Vento
Levou”. Uma luz vinda do infinito iluminou meu belo rosto, o vento soprando nos
meus cabelos. Enxuguei uma furtiva lágrima (sim, fofuchos! Até as mulheres mais
fortes, modernas e antenadas choram. Mulher de peixes, né? Emotiiiiiva...) e
agarrei com fervor as miniaturas das meninas super-poderosas penduradas no
retrovisor do meu carro.
– Juro que jamais hei de ser humilhada novamente! Nem que eu
tenha que roubar, matar, cantar “Espanhola” e fazer corinho para “Andanças” em
festinha bicho-grilo! Nunca mais deixarei que um homem me humilhe!
Tóóóóin... Péénnn... Tóóóinn...
– E aí, tchutchuca? Comprou carteira, é? Só podia ser loura
mesmo!
Péénpééénn!
Be afraid, be very afraid!, pensei antes de arquear minha
sobrancelha, dar meu meio-sorriso sarcástico e, num ímpeto de fúria, abrir a
porta e saltar do carro. Comprou carteira, tudo bem. Tchutchuca até que é fofo.
Mas o “só podia ser loura” havia condenado para sempre aquele motorista!
Marilyn, Madonna, Regininha Poltergeist, Cinira Arruda,
Pablo (ééééh, aquele mesmo do “Qual É A Música?”). Senti o blond power tomando
conta de meu corpo, me possuindo... me transformando numa Linda Blair loura!
Uma coisa tipo Chaka Khan – I’m every woman!
Toc, toc, toc... (nota: toc, toc, toc, é o barulho de minhas
batidas no vidro do carro inimigo).
Ele abriu a janela. Era um moreno grisalho (ui!), narigudo
(ui! ui!), barba por fazer (ui! ui! ui!), uns trinta e poucos anos. Tuuuuudo de
bom!!! Fechei os olhos e orei: força Ishtar... Você é mais forte do que isso.
Ele é o inimigo. Inimigo, inimigo, inimigo! Você é linda, loura, forte e...
e... solteira! Solteiríssima! Olhei
friamente para aquele deus grego mal-educado e juro: tive instintos de Glenn
Close em “Atração Fatal”. Se um coelhinho pulasse por ali, iria virar cozido na
minha panela.
– Não... mas a sua... a sua... mã... mã...
(força Ishtar! Ele é só um rostinho bonito, com barba por
fazer)
– Sua mãe... mãe...
(Tá! Ele é também um corpinho bonito. Mas e daí?).
– Sua mãe... A sua mãe devia lhe ensinar boas maneiras,
moço!
Ufa! Falei! Tá bom, Tá bom! Eu mudei um pouco a frase, e
também dispensei a parte do “corno de uma figa”. Mas, fofuchitos, atirem a
primeira pedra quem não se aproveitaria da situação!
Momentos depois, já mais centrada e autoanalisada, fiz um
discurso mostrando a importância das louras na sociedade moderna, discurso este
que deixaria Fausto Fawcett entregue às lágrimas. Sim, meus amigos GGLS
(Garotas e Garotos Louros e Simpatizantes): aquele sujeitinho, aquele tipinho
(lindo, verdade seja dita!) nunca mais iria dizer que “Inteligência Artificial”
é um filme sobre a trajetória de uma loura que pintou os cabelos de preto.
Tá, Tá! Vamos pular para a parte que todos querem saber. Eu
aceitei o pedido de desculpas do bofe, num jantar maravilhoso à luz de velas
(I'’m sorry but sou romântica... Ah, tá bom! O restaurante tinha aderido ao
racionamento imposto pela Amazonas Energia!) e com o meu narigudo grisalho (não
vou dar nomes! Isso aqui não é a revista Contigo!) me prometendo ser um bom
garoto e respeitar todas as mulheres (se bem que nada melhor que bad boys e
desrespeitos em certos momentos – If you can understand me!).
Dançamos, trocamos uns beijinhos e... Ah! Quase ia me
esquecendo (de novo). A matéria sobre a 1ª Bienal do Livro Amazonas!!!
Bem, vejamos... No primeiro dia da Bienal, o jornalista e
cartunista fofucho Mário Adolfo lançou “Meu amigo livro” – uma gostosa aventura
do personagem Curumim e seus amigos, que conta a história do livro, numa viagem
cheia de informação, traços coloridos e humor. A obra “Meu amigo livro” é uma
edição do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Cultura.
Na ocasião, estiveram presentes ao lançamento os escritores
Almir Diniz, Max Carphentier, Elson Farias e Arlindo Porto, além de estudantes
e visitantes da feira.
A oportunidade de lançar “Meu amigo livro” na primeira
Bienal de Livro deixou Mário Adolfo muito feliz e agradecido ao Governo pela
realização do evento. “A Secretaria de Cultura realiza um grande trabalho no
nosso estado, com a ópera, jazz, cinema, teatro e tantos outros festival. E
agora chegou o que faltava, a Bienal do Livro fechou o ciclo. Era o que estava
faltando”, frisou.
Também na sexta, o escritor e cronista fofucho Simão Pessoa
abriu o projeto “Encontro com Escritor” fazendo uma palestra na Escola Estadual
Ana Neyre Marques da Silva, localizada à avenida Marginal Esquerda Q/2,
Conjunto Galileia II, Cidade Nova.
Cerca de 150 estudantes participaram do encontro, que teve
como tema o best-seller do autor intitulado “Rock: a música que toca”. O
fofucho Simão Pessoa volta a se apresentar na Bienal do Livro, no próximo
sábado, dia 5, no Tacacá Literário, às 15h, atuando como mediador dos
escritores indígenas Daniel Munduruku e Eliane Potiguara.
E por falar em mundurucu, potiguara, chinês, oriental,
Jackie Chan, Ultraman, Jaspion... Afinal de contas, Tizuka Yamasaki, Yoko Ono e
National Kid são ou não são a mesma pessoa? Ai, são tantas as questões....
Beijos louros da Hedozinha
P.S.: Adorei todos os e-mails enviados para o site! Prometo
responder a todo mundo na primeira oportunidade. Beijos para Dona Neuma, Dona
Zica, Dona Benta e Donna Summer!