A nossa hedonista
platinada de plantão foi conferir se o dinheiro corre mesmo solto na cloaca
federal
Por Ishtar dos 7 Véus
Ooooi meus fofitos leitores!
Ai, já tava com uma saudade enorme... Aquele apertinho no
heart... Eu sei, eu sei, vocês devem estar irritadinhos comigo e resmungando:
– Aquela colunistazinha de quinta, uó, @#$#@@*, desapareceu
again...
Well, desapareci sim, mas por uma boa causa... Desapareci em
nome do jornalismo! Fofos, tô em Brasília!
Siiiim!!!! I’m sorry mas eu sou uma correspondente
internacional agora!
Tá, tá, tá... Brasília é logo ali... Ah, mas deixem eu me
sentir internacional, ok?
Aaaah... Brasília, Brasília, Brasília... Nada como sentir os
ares de... êi, larga o meu laptop, ladrão feladaputa... Polícia! Socorro!
Polícia!
Ok, vamos pular essa parte.
Tudo começou com uma ligação fofa do meu chefinho querido, o
estimado Fran Pacheco:
– Hedôzinha, minha nega, vou te mandar pra Brasília. Quero
que você devolva esse Nextel para a organização criminosa do Carlinhos
Cachoeira e depois me conte tudo o que está acontecendo por lá, incluindo o
depoimento do senador Demóstenes Torres na Comissão de Ética do Senado. Mas desta
vez, pleeeeeease, escreva sobre a organização criminosa e não sobre você...
Huuum... Não gostei desse comentário! Desde quando eu
coloquei a minha pessoinha acima do compromisso com a informação?
Ah... tá, tá, tá... Umas duas, três, quinze vezes... Mas
mulher de peixes é assim: egocêêêntrica!
Fiquei animadíssima: “E aí, chefinho? Que horas sai o meu
voo?”
Silêncio.
Tentei again: “Fran, que horas sai o voo?”
Silêncio (dele) e apreensão (minha).
Me auto-rebobinei: “Fran, que horas é o meu voo?”
Be afraid,
be very afraid…
– Pôxa, Hedô... Ehrrr... O site está tentando economizar...
Você sabe... O custo de vida, a Guerra na Síria, o tsunami financeiro, a crise
na Grécia, os terremotos na Itália... Mas o quê são dezoito horinhas num ônibus
super confortável curtindo a bela paisagem da floresta amazônica pela BR-319?
“O que são dezoito horinhas num ônibus super confortável?”
Nada, nadinha.
E que tal: “O que é uma passagenzinha aérea perto do
mega-sucesso que vai ser o depoimento do Demóstenes Torres com transmissão ao
vivo da Globo News?”
Smells like abuso! Tudo bem. Sou uma pessoa boa e
compreensiva.
O laptop que iria levar na viagem decididamente seria para
iniciar a obra “Fran Pacheco – Uma Biografia Não Autorizada de Um Canalha
Misantropo”...
Me aguardem... (pausa para fazer um olhar sinistro e
ameaçador com fundo musical de Angelo Badalamenti).
Na madrugada de segunda-feira, 28, lá estava eu com os meus
óculos Jackie ‘O’ e um modelito Ingrid Bergman em Casablanca, jurando estar
ouvindo As Time Goes By (na verdade, a rádio tocava “Minha Eguinha Pocotó”).
Eu e Cezário Camelo, meu lovely Cecezinho, conferimos minha
bagagem: batom, rímel, blush, camisinhas (beijo, Kelly Key!), óculos caríssimo,
cinco óculos (by camelô) modelo use-na-rave-fique-colocada-e-perca-todos-eles,
Tampax, palavras cruzadas nível difícil (porque uma mulher precisa se sentir
desafiada), palavras cruzadas nível fácil (porque depois de desafiada, uma
mulher precisa se sentir inteligentíssima e feliz), foto do Reginaldo Rossi (meu
gato desde os tempos da Jovem Guarda!), Aquaplay (Gente! Tá aí desde os anos
70!), “Minutos de Sabedoria” do Og Mandino (viu como eu sou uma pessoa boa?),
pretinho básico com detalhe bege, pretinho básico com gola v, pretinho básico
básico...
Nos despedimos com um beijo cinematográfico e entrei no
ônibus.
Cecezinho foi praticar seu esporte favorito que é correr
atrás de um rabo de saia. Ah, se eu te pego, amante infiel!
O senhor sentado na poltrona ao lado parecia ser uma boa
pessoa. Gordinho, cabelo repartido ao meio, óculos, camiseta “No Stress”...
Lendo um livro sobre Osama Bin Laden e com uma estranha caixinha no colo...
Oooops... Sounds like a cilada!
Por que será que cenas do filme “Aeroporto 70” (vi numa
reprise, tá?) se passaram pela minha mente? Um gordinho misterioso com uma
caixinha estranha? Chiquééérrimo!
Me senti num filme de David Lynch onde ninguém entende nada,
mas acha tudo o máximo!
De repente ele abre a caixinha e... e... (please, subam os
acordes de suspense) e... retira uma empadinha de lá de dentro!
Socorro! Parem esse ônibus! Pior do que um terrorista
muçulmano é ter um farofeiro sentado ao lado!!!
Tarde demais. Ele resolveu se virar e fazer um comentário:
– Esse Osama Bin Laden era fogo!
Queridos leitores, vocês já tentaram pronunciar Osama Bin
Laden enquanto comem uma empada? Please, não tentem fazer isso perto de alguém.
Digamos que o meu “basic little black for bus” ficou tomado
por nojentos “resíduos empadais”(pausa para uma inesperada ânsia de vômito).
Ninguém merece!
Eu e o meu vestidinho preto nos transformamos numa espécie
de dálmata às avessas.
Triste, muito triste. Retirei lentamente os meus caríssimos
óculos Jackie ‘O’ (também... uuugh... com alguns resíduos), arqueei minha
sobrancelha preferida e, sem dizer uma só palavra, lancei para ele o meu olhar
modelo
“seu-escroto-com-cabelo-sebento-e-cara-parecendo-um-Choquito-de-tanta-acne-recolha-se-a-sua-insignificância-e-nunca-mais-me-dirija-a-palavra!
Aaah, e vá cortar esses tufos de pelos nojentos que estão saindo do seu nariz”.
O gordinho, paralisado, não abriu mais a boca durante toda a
viagem. Aliás, acho que ele vai levar alguns meses pra voltar a falar.
Aaah... Um simples olhar pode destruir alguém... Às vezes,
me sinto tão Bette Davis, tão Carrie, a estranha, tão Medusa (ai, sempre quis
ter um penteado com cobrinhas...)
Cheguei a Brasília por volta das 9h da manhã dessa
terça-feira, 29.
Em vez de 18 horinhas, quase 30... Esse meu chefinho Fran
Pacheco é um verdadeiro sádico... Ou então não entende nada de distância
geográfica...
Agora, se tem uma coisa que vocês precisam saber sobre
motoristas de táxi candangos é que às vezes, eles não sabem aonde estão indo...
Alguns por esperteza, outros porque a city é realmente big!
O que fazer? Não se deixe intimidar. Não mostre que você é
uma simples turista prestes a cair nas garras de um taxista mal intencionado.
Seja firme, direta e, principalmente, não gagueje se ele
perguntar qual o melhor caminho a seguir. Foi o que eu fiz.
– E então, madame, aonde vamos?
Respirei e mandei (caprichando no sotaque... of course): “Ó,
xente, meu rei, vâmo pro Congresso Nacional. Pode pegar a SW3-11, seguir pela
SQS-15, descer a NPOR-26... Virar na CPM-22 com a SQN-12 e seguir pela Rota-66
até a FM-104...”
Ok, ok, me
lembrei de Diana Ross cantando “Do You Know Where You Going To?”
Não tinha a menor ideia do que estava falando... But isso
não importava. Arrasei no papel de mulher, moderna, determinada e up-to-date.
Fofitos do meu heart... Essa é apenas a primeira parte da
minha estada na capital federal. Vou ficar por aqui apurando tuuudo o que
acontece de interessante nas baladas, nas sinecuras, nas roubalheiras, nos
bunga-bungas...
Vocês não perdem por esperar: raves, Carlinhos Cachoeira,
Gilmar Mendes, gente fofa, gente do bem, gente uó, bofes, Lula, Dilma,
desvalorização do real, Código Florestal, bancada ruralista...Tudo através do
look desta colunista que ama vocês!!!
Quero mandar um super beijo pra todos os meus leitores que
enviaram e-mails e palavras fofíssimas about me...
Beijos pra Roberta (“A Deusa do Ébano que aguardava o meu
retorno triunfal!”), Marco Gomes (que me mandou umas pegadinhas hilárias),
Horus Seth (adorei o nomezito!) e um special kiss pro meu fã misterioso
(codinome 20prestigiar) que escreveu essas palavritas singelas : “Querida
Ishtar, meus dias ficam tristes e cinzentos sem a sua coluna.”
Tá, meu bem?
Como diria minha amiga Miss Gura: “To be famous is so nice!”
Queria dedicar essa coluna a dois novos leitores que são
tuuuudo: Omar Aziz e a chiquééééérrrima e poderosa Nejmi Aziz!
Beijitos!
Fui!