Se você ficou de
mouse caído com a desenvoltura com que gente como Zé Dirceu, César Maia e
Mahmoud Ahmenidjad (sim, aquele iraniano que dorme com um hitler de
pelúcia) já pontificaram no mundinho dos blogues e twitters, é porque
ainda não viu o que seus antecessores andaram aprontando em priscas eras
virtuais. Confira alguns exemplos garimpados do aterro sanitário da
História:
Blog do Capone
Direto de
Chicago, o famoso abastecedor de biritas, amante das artes e sonegador
desastrado tecia considerações e piadinhas diárias sobre propinas,
óperas bufas, bebidas, execuções e muambas em geral. Criou um método
gerencial e contábil até hoje copiado por empresas como Enron, Lehman
Brothers e Daslu. Seus posts “Por que amo a Lei Seca”, “Como batizar um
bourbon”, “10 super dicas para um massacre” e “Caruso é o que há” deram o
que falar. Democrático, Capone dava aos leitores mais destemidos o
direito de deixar críticas e xingamentos na caixa de comentários – mas
se reservava o direito de jogar seus cadáveres no fundo do lago, em
seguida. Por ter sonegado a conta do provedor de acesso, caiu em
desgraça na comunidade virtual, tendo que postar no fim da carreira
direto do cyber café de Alcatraz.
Blog do Bonaparte
Quando não estava
ocupado fazendo os prussianos pedir penico em Austerlitz ou tentando
afogar seu diminuto ganso na imperatriz Josefina, Napoleão aproveitava
para atualizar seu blogue – um dos mais temidos de Europa. Metade dos
exércitos continentais entrava em alerta máximo quando o pequenino
blogueiro corso anunciava ter acordado “com o ovo virado”. Seu post “Que
será que tem em Lisboa?”, embora fosse provavelmente uma citação ao
filme Casablanca, foi o bastante para provocar a fuga
desabalada de D. João VI, o Obrador, para o Brasil. Bonaparte acabou
viciando-se em navegar durante o expediente, o que lhe custou a derrota
para o desplugado Duque de Wellington, em Waterloo. Consta que no fragor
da batalha Leãozinho estava num chat pra lá de animado com o velho
Marquês de Sade (daí a expressão “blogar na posição em que Napoleão
perdeu a guerra”). Morreu amargurado em Sta. Helena, cloaca africana sem
acesso à Internet.
De Mãos Bem Lavadas – o Blog do Pôncio
O blog do barnabé
romano @Pilatus ganhou súbita notoriedade após ter recebido a ilustre
presença do Maior Psicólogo do Mundo. O blogueiro era conhecido até
então apenas nos círculos íntimos romanos por ser chegado num TOC,
lavando as mãos e as partes várias vezes ao dia (e twittando a
respeito!). Sua célebre enquete “Quem vocês mandariam pra cruz?”, bateu
todos os recordes de acessos na Judéia, verdadeiro milagre para a época.
Acabou marcou a História dos blogs em Antes e Depois.
Blog do Rasputin
Mistura exótica
de Paulo Coelho, Walter Mercado, Porfirio Rubirosa e John Holmes da
Dinastia Romanoff, o sinistro Rasputin mantinha um blog de auto-ajuda,
consolo e agendamento de favores voltado para beldades, princesas,
grã-duquesas, tzarinas e o diabo a quatro (“o que vier, eu traço”).
Lenine, o humorista bolchevique, tuitou a respeito: “Todo nobre russo é
um corno em potencial diante de Rasputin. Rárárárá!”. Antes de ser
colocado fora do ar por spammers com dor na testa, o brujo foi um dos
primeiros a revelar que o Czar e o Tzar eram a mesma pessoa (dando
início ao escândalo que culminou na Revolução Russa). Seu famoso
joystick está conservado no Museu do Sexo de São Petesburgo.
Fotoblog da Lu
A espevitada
socialyte Lucrecia Borgia, autora do bordão “Ai! Que mandrágora!” foi
figurinha carimbada nas maiores noitadas de arromba da Renascença –
sempre munida de uma camera oscura de 0,1 megapixel bolada por
Léo Da Vinci. Clicou de tudo: envenenamentos, defloramentos,
empalamentos, venda de indulgências papais e, lógico, surubas vaticanas
de fazer tremer as catedrais. Seu post que mais rendeu os maiores RTs
foi o “Virgo intacta sum, e daí?!!” (apesar de flagrada pela
seita dos paparazzi com um barrigão de seis meses), o que causou o fim
do seu casamento com Sforza, o Broxa. “Nunca houve uma mulher como
Lulu”, gemia seu pai, o Papa Alexandre VI, o Fornicador. “Concordo
plenamente”, arrematava seu irmão, Cesare Borgia, o Animal. “Altezas,
ainda caberia nesse leito vosso humilde servo?” perguntava Maquiavel, o
Marqueteiro, leitor compulsivo do blog.